sábado, 30 de abril de 2011

A crise

A palavra crise é um eco. Um eco infinito, condicionante.

Sempre foi e será e tem servido para justificar coisas injustificáveis.

É, por isso, injusto que o povo português desconheça que tem o direito de se pronunciar sobre o que lhe será imposto por uma entidade (FMI) que visa obter o lucro e condicionar as políticas.

Muito mais quando, por certo, o acordo com o FMI, tal como o antevejo, tem de passar por um processo de revisao constitucional...

terça-feira, 26 de abril de 2011

Vamos falar um pouco de democracia

No mundo do disparate, o maior deles todos pode passar despercebido.

A propósito das eleições que aí vêm, diz-se que um governo de "coligação alargada" é o melhor para o país, propondo-se, desde logo, os três partidos "de governação" (o que quer dizer este conceito?) para a comporem.

Como disse, a política, de quando em quando, parece o reino do disparate...

A consequência imediata do que se defende, é parecer que estas eleições se definirão perante dois blocos: o do CDS, PPD e PS e o da CDU e BE.

Ora uma compreensão alargada do pedido formulado pelos "senadores", levaria a que pessoas como eu tivessem de votar no bloco mais à esquerda... o que, como sabem, não acontecerá, crente que sou na correcção da esparrela - aliás, em bom tom e registo, Passos Coelho apressou-se a criticar esta intenção de criação da União Nacional...


No meio desta paródia, eis que surge uma entrevista iluminada, que pretende trazer a política de volta à política: Jorge Sampaio, ontem, tentou discutir, pasmem-se, o neo-liberalismo e o seu falhanço!

Pode voltar, Sr. Presidente?

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A realidade e a ficção: o ensaio da política

Noutra sede escreverei, se um dia tiver tempo, sobre a necessidade da política ficcionar a realidade. Não é aqui que o farei.

Mas é curioso - e eu dou-me, há muito tempo, a esse trabalho - ver como em período de campanha a linguagem dos políticos se transfigura, apelando ao voto através da ficção.

Nestas eleições, aliás, nenhum dos dois partidos que as pode vencer vai falar sobre a realidade: o partido de Coelho porque a sua agenda liberal está em contradição com aquilo que o eleitor anseia e o partido de Sócrates porque sabe que o seu eleitorado não admite metade das políticas que o FMI nos trará.

Aliás, a negociação final do pacote de austeridade que nos será imposto só será efectivada depois - bem depois? - das eleições, por conveniência dos grandes partidos.

Por isso e muito mais, seria útil que o grande impulsionador das eleições, o Presidente Cavaco, se pronunciasse sobre este tema e impusesse que a verdade fosse dita aos portugueses!


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Equações de natureza diversa

Na mais velha democracia do mundo, os partidos políticos são respeitados e tidos como instituições de referência na soberania do Estado e no equilíbrio da democracia.

Se em portugal isto não sucede, a responsabilidade é da sociedade civil, que se absteve de participar na discussão da res publica através dos mescanismos próprios.

Lamento, profundamente, sublinho, que assim seja, considerando que estou encurralado perante uma equação que não consigo resolver: tenho 32 anos, trabalho há 10 anos, não me queixo da vida, nem quando para isso tenho motivos, investi na minha formação cientifíca e beneficiei por isso, e quero participara na vida política. Sucede, porém, que mal se vê alguém a defender uma ideia, logo surjem as acusações de carreirismo partidário.

Quid Juris?

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Os moralizadores do regime

Estas eleições poderão ajudar a separar as águas entre aqueles que acreditam no investimento público e todos aqueles que encaram o investimento como despesa supérfula.

Entendo, por isso, que é urgente chegar a acordo com os Fundos que para aí andam para podermos voltar à política a sério. Nessa política, onde não podem ser gerados consensos que coloquem a causa a democracia representativa, volto a salientar, a participação de todos é um dever.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Eleições, política, FMI e coligação alargada

O pedido de uma coligação alargada, que coloque no mesmo governo o PPD/PSD, o CDS e o PS, em tempo de crise e sob o manto do FMI, que permitirá um retrocesso social jamais visto nos últimos 37 anos, é o mesmo que pedirmos, ao jeito de Ferreira Leite, a "suspensão da democracia".

Ora o erro será tanto maior que se o PS, caso não seja o vencedor, aceitar ir para o governo, colocará em causa os alicerces do sistema representativo português, dando ao Bloco e ao PCP todo o tempo de antena que sempre desejaram ter e o monopólio da reivindicação social.

O Partido Socialista deve partir para estas eleições com a mesma ambição de sempre: ganhar. Caso isso não suceda, que vá para a oposição e cumpra o seu papel com a dignidade a que nos habituou.


segunda-feira, 11 de abril de 2011

Nos partidos políticos faz-se política

Nobre decidiu avançar para S. Bento, aceitando o convite endereçado por Passos Coelho.

Passos Coelho terá votado Nobre?

Sei que a resposta a esta pergunta é desnecessária, considerando que o que interessa, de ora em diante, é o regresso da política à política... da política partidária, dos partidos e eleições.

Mas há uma questão que me seduz e que abordarei em breve: a política é ambiciosa e Nobre deixou-se ir ao sabor do amor...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Chantagem

Os partidos políticos - todos, sem excepção! - e os comentadores estão a lançar mão de uma artimanha eleitoral que mais não é do que chantagem: ao não admitirem que o PS escolha quem bem entender para o liderar, revelam uma insensatez anti-democrática!

A liberdade de associação partidária não admite isto!
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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Fatal como o destino

Todos aqueles que não quiseram discutir a adesão de Portugal à Comunidade Económica Eurpeia, Comunidade Europeia e, depois, União Europeia, com a consequente entrada no "pelotão da frente" do Euro e a política económica comum, são responsáveis pela explicação que se deve ao povo português: não podemos actuar sem decisão europeia!

Ora se isto não representa, sem mais, perda da soberania, o que é que representa?

É evidente que não é hora para discutir isso, mas se a construção europeia tivesse avançado em questões sociais ao mesmo passo que avançou em questões económicas, a resposta teria de ser diferente. Muito mais seria se o federalismo fosse uma realidade...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Despesa e receita

Estas eleições legislativas deviam, a bem do que está em discussão nas instâncias europeias, disputar-se sobre o lema de restrição da despesa e aumento da receita, é certo.

Mas os dois grandes partidos deviam, na verdade, dizer o que pensam sobre isso e explicar o que a União Europeia irá impor ao novo governo. Só assim, sublinho, poderiam os portugueses optar, seriamente, pelo caminho que consideram mais certo.

Sucede que se esse fosse o centro do debate, quer o PS, quer o PPD/PSD, quer o CDS apresentariam o mesmo programa governativo e a grande discussão assentaria na experiência governativa. E aí, meus caros, Sócrates ganharia  a Coelho, que perderia para Portas...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Violência

Ontem assisti ao vivo a uma das cenas (aquilo foi, de facto, uma cena) mais violentas que vi na minha vida. Tiros, pedras e garrafas a voarem, bastões no ar, crianças, mulheres, velhos e novos gritarem e a sangrarem...

Se os dados da violência estavam lançados, se a polícia já estava preparada, se as hostes se agitavam e se o aparto policial intimidava qualquer um, o que correu mal?

Está na hora do Sr. Ministro da Administração Interna fazer essa pergunta. E talvez tenha uma surpresa...

Entretanto tenho amigos que ficaram feridos e nada fizeram. Quem lhes bateu estava armado.

domingo, 3 de abril de 2011

Duas respostas simples a várias perguntas complexas

O meu bom amigo Luís Guerreiro deu ontem uma receita simples para a governabilidade do nosso país, aproximando-o dos países mais desenvolvidos:
- diminuição dos poderes presidenciais e moção de censura construtiva.

Estas duas respostas não são bem soluções, mas são um bom começo de discussão. Sucede, porém, que os dois principais partidos do sistema encontram a resposta para os seus anseios em Belém - à vez, é certo... Veja-se o caso do PPD/PSD que não hesitou em cair no delírio do Presidente e em deixar Cavaco ser Presidente e tentar ser Primeiro-Ministro através de Belém, inaugurando uma nova visão maximalista dos poderes presidenciais.

Para mim é evidente que o PS e o PPD/PSD estão condenados a entenderem-se para uma revisão constitucional que reveja a distribuição de poderes, balizando, definitivamente, os poderes do Presidente. Mas esse entendimento, enquanto Cavaco estiver em Belém, é impossível.

Por isso e muito mais, o meu bom amigo Luís Guerreiro pode ir densificando o seu pensamento que vai ter muito, muito, muito tempo para pensar nisso...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Quadratura do Círculo

Ontem confirmou-se o que quase todos suspeitávamos: perante o silêncio cúmplice Pedro Silva Pereira, Lobo Xavier afirmou que Sócrates se encontrava a negociar, há uma série de meses, junto das potências europeias, um quadro de apoio financeiro a Portugal que não passasse pelas imposições do Fundo Monetário Internacional.
Poucos sabem, mas se o Fundo aí vier, meus caros, as reformas do PEC (de qualquer um dos PEC´s), ao contrário do que se ouve por aí, parecerão brincadeira de crianças. Por isso mesmo se compreende que o Governo tenha negociado apoio que passasse fora das restrições do Fundo e do Quadro europeu de Apoio.

Quando vos disserem que o FMI já cá está, que não importa vir que vai dar tudo ao mesmo, que pior não pode ficar, esqueçam: com o FMI por cá, esto vai piar fininho!

Em que posição ficará o PPD/PSD e o Presidente Cavaco se a Chanceler alemã anunciar, em breve, que esse quadro de apoio extraordinário estava prestes a ser aprovado?

Fundo Monetário Internacional

Agora que se aproxima a data da chamada do Fundo, com as consequências que ninguém sabe, é hora de ir ao baú buscar o Zé Mário Branco...
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