quinta-feira, 31 de março de 2011

Centro de Poder

O grande centro de poder dos partidos políticos são as bases. Os ditos barões, que são as elites, podem, quanto muito, influenciar as bases. Mas no fim, mesmo lá no fim, que é quando tudo se desenrola, são estas que mandam.

Ora se a ausência de comida dá fome e ausência de água sede, a ausência de poder, num partido político, dá fome e sede ao mesmo tempo. Sendo as bases que têm a raíz do poder interno, serão estas que dividirão o poder externo...

Este enunciado terá a devida consagração em breve.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Marco António e o bordel de Badajoz

Dizem, saiu na imprensa, que Marco António Costa, o novo barão do PPD/PSD, terá telefonado a Pedro Passos Coelho e, encostando-o à parede, disse-lhe: "agora, com este PEC, ou vamos a votos no país, ou vamos a votos no partido."

Não sei se será verdade. Mas sei que os factos trazem alguma veracidade a este boato.

Cavaco inaugurou o ciclo político no dia em que foi eleito, mantendo o timbre, embora com institucionalidade (existirá esta palavra?), no dia da tomada de posse; o Bloco de Esquerda seguiu a pauta e encostou o governo à direita, tentando sair da alhada que foi a eleição Presidencial; o PPD/PSD e o CDS/PP mostraram ao que vinham, acantonando-se na posição desconfortável de defender uma coisa em Elvas e o seu contrário em Badajoz - o que até nem é novidade, cosiderando que do outro lado se institucionalizaram os bordéis para a freguesia lusitana fazer às de lá o que não faz às de cá.

Mas o que me chocou mais, muito mais, foi ver a Senhora Doutora Ferreira Leite, eterna aspirante a Dama de Ferro lusa, defender o chumbo do PEC, em plena Assembleia da República, alinhada com o tal Marco António Costa - que tem nome de imperador, primeiro, e de boa gente no fim.

Isto não é muito perceptível?

É, mas não é. Melhor, é aqui, mas não é lá fora, sítio onde, por estranho que vos pareça, mora quem vai decidir o nosso futuro...

E aqui vamos nós, remando sem rumo...

Nova ordem mundial!

Ver o Presidente Lula a defender uma nova ordem mundial, com os aplausos do Presidente Cavaco, incomodou-me !

Então não é que essa nova ordem mundial sairia em defesa das classes desfavorecidas e de uma maior igualdade de oportunidades - e o Presidente Cavaco continuou a bater palmas -?


Sent from my BlackBerry device available from tmn

terça-feira, 29 de março de 2011

"Em estado de choque"

O director do jornal "A Bola", que durante o negro período do Estado Novo foi uma referência da oposição, sendo, muitas vezes, chamado de "jornal vermelhusco da Travessa da Queimada", decidiu escrveer, hoje, a seguinte pérola, sobre os votos diferenciados nas associações de direito privado (clubes de futebol, neste caso):

"Não resisto a extrapolar  essa mesma regra para as eleições legislativas e presidenciais do país e a pensar como isso ajudaria a resolver o problema da exist~encia digna dos pensionistas e reformados de Portugal. Se cada cidadão com oitenta ou mais anos tivesse vinte votos, quinze a partir dos sessenta e apenas um voto  até aos trinta, por exemplo, certamente que se acabria a triste penúria da maioria das reformas e das pensões dos velhos portugueses."

Isto é tão mau, tão mau, tão mau, que não faço mais nenhum comentário, a não ser: "eles andam à solta!"

Cuidado com as imitações!


segunda-feira, 28 de março de 2011

Não se deixaram entender ou não foram entendidos?

Leio a entrevista de Medeiros Ferreira, na Pública do último domingo, e a dúvida adensa-se: esta geração de homens que se pensavam (e alguns eram) geniais foi compreendida pelo país?

A Europa perante o fim de (mais) um ciclo poítico

Este fim de semana foi um bom exemplo académico do que é o fim de um ciclo:

. em França, Le Pen (filha) ganhou posições à UMP e o Partido Socialista manteve-se como a primeira força política, o que é um indicador para as Presidenciais do próximo ano;

. em Inglaterra, Cameron assistiu a centenas de milhares de ingleses a manifestarem-se nas ruas de Londres, exigindo respostas imediatas para a grave crise social britânica (pude observar, in loco, na semana passada como responsabilizam, vejam bem, os baby boomers...);

. na Alemanha, Merkl perdeu as eleições no estado de Baden - Württemberg, um bastião da direita há sessenta (sessenta, leram bem...) anos, tudo apontando para uma vitória da esquerda nas eleições gerais;

Perante este cenário, que anuncia alterações profundas no eixo Berlim - Paris, a pergunta que se deve fazer é muito simples: se os povos europeus ambicionam uma alteração de políticas sociais, porque é que os políticos que os representam pretendem manter a rigidez financeira?

A resposta não será simples, mas parece que se pode traduzir como uma necessidade de controlar os custos dos Estados europeus em dois vectores essenciais no modelo social europeu: prestações sociais e cuidados (de saúde e de educação) do Estado.

Será mesmo necessária essa alteração de paradigma? As nossas eleições podiam servir para discutir esta problemática...

sábado, 26 de março de 2011

O verdadeiro cozido à portuguesa!

Hoje comi o verdadeiro cozido à portuguesa: tudo foi cozido e servido em separado; as carnes e as couves foram criteriosamente seleccionados e estavam no ponto certo de cozedura; o nabo, as cenouras, a batata e as cebolas pareciam vindas do campo que se via ali ao lado; os enchidos chegaram da Serra da Estrela e sabiam ao verdadeiro fumeiro; o arroz e o feijão cumpriram com o requisito supremo, não escondendo o sabor das ervas aromáticas que temperavam, em separado, cada um das carnes. Em suma, comi o melhor cozido que me lembro - e tenho por hábito comer um bom cozido por semana, na época.

Servido em nove tachos, se bem recordo, teve uma particularidade que não é de somenos importância: foi comido por verdadeiros especialistas e confeccionado por uma devota cozinheira.

Depois disto, a reforma...

Passa a ser oficial!

Temos dois candidatos a chefe do governo: José Sócrates e Passos Coelho. Nos próximos dois meses muita coisa será dita e escrita. Mas há uma que ficará para a história: Sócrates é o primeiro PM que se recandidata, depois do patético período santanista, em situaçöes adversas.

Quer Cavaco, quer Guterres, quer Durão optaram por lançar outros às feras.

E isto pode ser um exemplo de ética de responsabilidade no futuro.
Sent from my BlackBerry device available from tmn

sexta-feira, 25 de março de 2011

O dilema da comunicação

Paulo Futre, através de um discurso delirante e cómico, a roçar o anedótico, colocou Portugal inteiro a ver uma conferência de imprensa que passaria, inevitavelmente e dado o circo mediático das candidaturas de Bruno de Carvalho e Godinho Lopes, despercebida.

Ao invés, hoje toda a gente discute "o chinês", o "grande homem", o "sócio", o "General", o "Luís", o "Pinto da Costa", o "Jorge, ...

Toda a gente discute, em suma, o discurso de Futre, o delirante Futre.

O pesadelo da comunicação, hoje em dia, é passar despercebido em campanha eleitoral - não é por acaso que a utilização do absurdo rende votos a Coelho ou a Louçã. Futre, ontem, conseguiu o que Dias Ferreira não conseguira: captou atenção.

Penso que não foi propositado. Bem pelo contrário, Futre pareceu tomado por um demónio, por um demónio de louco. Sucede que a repercutir-se nos resultados, passando a imagem de esforço e capacidade de contratação de vedetas para o Sporting, Dias Ferreira pode ter beneficiado de uma conferência de imprensa digna de um episódio de comédia britânica.

Ao cabo e ao resto, a campanha de Dias Ferreira ia tão em baixo que já não o apontavam como favorito. Amanhã veremos o resultado desta estrondosa manifestação de humor.

Uma pergunta extremamente perigosa

Se o nosso Primeiro-Ministro fosse, perante a observação alemã, que costuma, saliento, estar bem atenta, o responsável pela situação financeira do país, a Chanceler Merkl tinha vindo a terreiro defender José Sócrates?

É que, segundo sei, se nos próximos 10 anos o nosso governo não tiver apoio externo, não se aguenta 6 meses, tenha maioria absoluta ou relativa. Esse será o dilema de Passos Coelho.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Baralho Viciado

Em Abril de 1991, pouco tempo antes de o Sport Lisboa e Benfica derrotar o Porto nas Antas, com os dois golos do César Beito, comprei em Londres, numa loja dedicada à magia, um baralho de cartas engraçado: metade das cartas eram valetes...

Era mais ou menos disso que Portugal precisava agora: poucos duques, poucos azes, mas muitos valetes, carta média alta, mas que ganha muitas, muitas, muitas vezes.

Parece-me, no entanto, que não teremos essa sorte e que os duques dominarão as mãos que temos em jogo.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Afundanço

Aqueles que alegremente dizem que o Fundo já cá está, aperceber-se-ão, em breve, o que faz o verdadeiro Fundo...

Sucede que se têm vergonha - e alguns têm -, corarão!

Sofismas

(a) 230 deputados decidirão se o PEC (belo nome para um programa de estabilidade e crescimento) deve ser aprovado; (b) O Governo promete demitir-se se o não for; (c) Mais de metade dos deputados prometeram rejeitá-lo; (d) O Governo demitir-se-á e dentro de dois, três meses teremos eleições.

Entretanto o juro que pagamos por empréstimos já vai em 8 vírgula qualquer coisa... 8 vírgula qualquer coisa...

Cavaco Silva foi eleito há dois meses e o governo, claro está, já caiu, ainda que não caísse. Virá aí o primeiro governo de direita suportado por um Presidente eleito pela direita.

Só não se cumpriu um ciclo se alguma coisa mudar. E eu não acredito em grandes mudanças...

terça-feira, 15 de março de 2011

Finalmente!

Depois de algum trabalho do meu amigo Daniel, estou, passados muitos anos, de volta!

Aqui, de ora em diante, escreverei sobre tudo aquilo que entender, sobre tudo aquilo que me apetecer. Depois de alguns dias de férias  - volto domingo  -, começarei como se de um diário fosse - mas de opinião, claro está. 

Quem gosta de escrever, sofre na renúncia, na abstinência, como se de um vício (será?) se tratasse. Neste blog matarei esse vício. Umas vezes com mais força, outras muito devagar, umas com alguma qualidade, outras com evidentes deficiências... 

Em tempos complicados, como o nosso, a intervenção é, também, essencial. Sinto-a, aliás, como um imperativo ético, como um dever de cidadania. Por aqui intervirei à minha maneira, exclamando sempre que for necessário. 

Bem vindos!

terça-feira, 1 de março de 2011

Muitos anos depois,

Volto a este mundo, o mundo dos blogs, com o nome do meu primeiro blog: Triste Sina.

Muitos dos meus amigos recordar-se-ão, outros nem por isso. Por isso cá vai: aqui conto falar de tudo, de tudo um pouco. Por isso também falarei de nada, de nada um pouco.

Até já.